A Terapia da Foto - 13 Ago

Estou editando um livro de artigos do meu Paizinho querido, que partiu em janeiro. Muito já estava feito, textos revisados por nós dois, mas é preciso fotos... e nesta tarefa de selecionar fotos, me deparei com uma Suzana de três anos de idade, sorridente no seu casaquinho bordô, posando em meio a um verde bonito que tínhamos na casa de Carazinho. Vão-se quase 50 anos...

A foto se grudou a mim, e sentou-se à mesa do escritório. Tenho olhado muito para aquela menina, e o seu sorriso é tão bonito, que não consigo manter nenhum sentimento ou pensamento ruim quando olho para ela. O rosto límpido, o retrato de um ser que se sentia amado e protegido. Confiante. Em paz.
E aí me dei conta do fascínio que a foto passou a exercer sobre mim: aquela menina me convida a ser ELA. A sorrir e demonstrar no olhar, em toda a expressão, a mesma confiança e amor, a mesma paz. Quando faço este exercício, esqueço imediatamente tudo o que está acontecendo, tudo o que me preocupa, todas as indignações, os ressentimentos, os arrependimentos, e absorvo alegria, amor, vontade de viver. Me fundo com a menina, trago ela pra dentro de mim, e me torno uma pessoa melhor.



Já se passaram tantos anos... o que queria aquela criança, que sonhos ela imaginou realizar, isso não sei. Sinto que o mais importante para ela era justamente ser: polir-se com a educação e os valores, aprofundar-se com as experiências, compreender. Ser vivendo.
É muito bom sentir que não trai a menina. É maravilhoso me unir novamente a ela, sentir toda a Luz que ela emana. Hoje estava olhando para ela e percebi que nosso encontro se tornara terapêutico, de um amor que é difícil descrever.

Por isso é que sugiro a você que faça o mesmo: encontre sua menina/menino de 3 ou 4 anos, olhe bem para ela/ele. Qual é a distância que existe entre vocês, agora? Quanto você se afastou, em seu coração, daquele ser humano e de tudo o que fazia o seu mundo, sua alegria e sentido? Não se engane, não há nada de pueril ou fantasioso neste exercício. As emoções que afloram são potentes e verdadeiras, e podem representar um caminho – de cura, de bem estar – que talvez você tenha perdido, há muitos anos atrás.

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