Por autoestima, um conceito subjetivo, a psicologia entende
‘o valor que a pessoa atribui a si mesma’, e é muito comum que julguemos uma
autoestima desenvolvida como condição para o sucesso pessoal, em qualquer área.
No entanto, afirmam as pesquisadoras, um senso de autovalorização exagerado,
principalmente quando se baseia em conquistas como posição ou dinheiro, torna a
pessoa mais vulnerável aos normais percalços da vida e leva a um alto nível de
frustração. Além disso, pessoas que estão constantemente buscando o sucesso, e
dependem de bons resultados para se sentirem bem sobre si mesmas, podem
conduzir suas vidas no sentido de evitar o fracasso, ao invés de buscar a
realização.
Curiosamente, uma campanha nacional de autoestima foi
deflagrada nos Estados Unidos na década de 80 – políticos, pesquisadores e
psicólogos acreditavam que havia uma onda de menos valia varrendo o país. Além
de fazer surgir o muito lucrativo mercado de livros de autoestima (CDs, DVDs,
seminários), a campanha não teve grande efeito: dados coletados anos mais tarde
demonstraram que os americanos tendem a ter uma visão moderada ou digna a
respeito de si mesmos. Os adolescentes atuais se julgam com mais benevolência
que aqueles das décadas de 70 ou 80.
Pessoas com autoestima excessiva podem não ser capazes de
reconhecer suas dificuldades ou erros, o que leva a problemas de relacionamento
em qualquer área, seja pessoal ou profissional. Elas podem ficar defensivas com
o feedback de colegas e familiares,
culpando outros por suas falhas, sem condições de fazer uma avaliação mais
realista de si mesmas e, portanto, de crescer. “Pessoas focadas em aumentar a
autoestima tendem a sempre colocar suas necessidades antes das dos outros,” diz
o artigo.
Voltando à frase inicial, toda família, penso eu, tem pelo
menos um membro com estas características. Os especialistas afirmam, no
entanto, que um caminho para alcançar o equilíbrio é focar nossas ações em
outras pessoas, ou no benefício coletivo. Também mencionam compaixão e empatia
como aspectos importantes na manutenção de uma visão mais realista sobre si
mesmo, além de aumentar a sensação de pertencimento e a confiança, que reduzem
o sentimento de vazio ou falta de sentido na vida. Em suma: focar nos outros e
em suas necessidades, curiosamente, nos torna mais fortes, mais tolerantes com
nossas falhas e resilientes nos momentos difíceis.